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PERFIL MARILENA LIMA

Com mais de 20 anos de carreira, a jornalista relata os caminhos percorridos no jornalismo cearense

Marilena Lima, a trajetória da oportunidade à paixão pelo jornalismo

Por: Ana Vitória Reis e Isabelle Lima

A voz calma e rouca inunda as transmissões da rádio Verdes Mares 810 AM, a Verdinha, aos sábados pela manhã. A cada cinco ouvintes que ligam para falar ao vivo no programa, dois pedem o seu retorno para o telejornalismo.  Anos antes, no início da década de 1980, a jornalista Marilena Lima, começara sua jornada na rádio Iracema, em Maranguape. Em uma oportunidade, Marilena foi convidada a transmitir uma partida de futebol e desde então, trabalhou com o esporte de forma amadora. Mas, foi apenas na rádio Dragão do Mar, por volta de 1982, já em Fortaleza,

que ela aprendeu o jornalismo esportivo. “A rádio Dragão do Mar ouviu e me chamou para trabalhar. Foi a primeira equipe esportiva que realmente trabalhei”, lembra.

Você na Verdinha

O programa apresentado por Marilena, que vai ao ar nos sábados às 9 horas da manhã é um mix de prestação de serviços, música e informação. Há muita participação de ouvintes e os quadros “Alô Saudade”, que transmite músicas de décadas passadas. e “Emoções”, uma espécie de homenagem ao cantor Roberto Carlos.

Pioneira no radiojornalismo esportivo, Marilena buscou conhecer mais sobre o futebol, por meio de um curso de arbitragem que participou em 1985. Tornou-se a primeira árbitra de futebol mulher, do estado, mas não atuando em partidas oficiais. “Eram os jogos preeliminares no Castelão, ou jogos que ocorriam no subúrbio, aqui em Fortaleza, era por aí”, relata.

 

Apesar de sempre ser respeitada por seus colegas de trabalho, o destaque no esporte trouxe para a vida da jornalista alguns episódios de preconceito. O maior desafio de Marilena foi o então presidente da Federação Cearense de Futebol, o coronel Barroso. Por vezes, tentou impedir que ela realizasse seu trabalho, como entrevistas nos vestiários, por exemplo. “Ele  chegou a falar com a emissora dizendo que não podia. Mas, o chefe da equipe disse ‘A equipe é minha;  sei quem vai trabalhar’”, recorda. Alguns colegas a ajudavam, entravam nos banheiros antes de Marilena, para alertar aos jogadores de sua chegada.

Outro fato que hoje causa risos, na época deixou, a então árbitra, Marilena, temerosa. Enquanto apitava um jogo no bairro Granja Portugal, em Fortaleza, um jogador indisciplinado, como ela mesmo denomina, reclama de um cartão amarelo. Após o segundo cartão amarelo e a expulsão do jogo, o rapaz, enfurecido, abaixou o short e urinou no gramado. “Foi expulso, né? Aí o pessoal gritou com apoio e tirou ele de lá. Esse foi o  momento mais tenso que eu enfrentei”.

 

Do episódio, afirma em meio a risos que “foi um pouco cômico, se não fosse quase trágico”. E traz a tona a violência que envolve as partidas de futebol. “Às vezes a gente se refere à violência de hoje, como se fosse uma coisa nova, não é. Naquele tempo já havia a violência que a gente temia”, comenta. Segundo Marilena, havia um certo medo de consequências fora do campo.

 

Após seu período no rádio, quando atuou nas emissoras Dragão do Mar, O Povo AM e Uirapuru, a comunicadora foi para o Sistema Verdes Mares, ainda na década de 1980. “Depois de trabalhar nessas emissoras todas, no esporte e no jornalismo, fui chamada para compor a equipe do Barra Pesada, logo no início da equipe”, recorda.

Em 1990, Marilena foi para a TV Jangadeiro, onde trabalhou como repórter do Barra Pesada por 14 anos. Voltou para o Sistema Verdes Mares, em 2005, e continuou em programas policiais até 2008. Sua saída do jornalismo policial veio após o conhecimento acadêmico, quando se formou em jornalismo, em 2006. “Depois que tive a formação superior em jornalismo, tive outra compreensão e perdi muito a identidade com o programa policial. Me desvinculei e não me arrependi”.

 

Hoje, aos 57 anos, além do programa na rádio Verdes Mares aos sábados, Marilena cobre o trabalho do Ministério Público no Ceará, para a TV Justiça de Brasília, desde 2012, e realiza produções audiovisuais. “Atuo na área do audiovisual com realização de documentários, agora também ficção. Essa área é o que tem mais a ver comigo agora”. Desde 2010 com a MPRO Filmes, sua produtora de audiovisual, Marilena já gravou documentários como “Rosal da Liberdade”, “Logrador, paraíso de um poeta” e “Mulher da zona” e produções ficcionais.

 

Mesmo fora dos holofotes televisivos, a jornalista ainda é reconhecida por seu tempo nas emissoras de TV. Sobre isso, ressalta que é importante manter a humildade, mesmo com todo o glamour da televisão. “Já vi muita gente assim  de alguém chegar “Opa fulano..” e a pessoa dar as costas porque não conhece. Ignora que aquela pessoa conhece ela muito bem”, comenta.

“Às vezes a gente se refere à violência de hoje, como se fosse uma coisa nova, não é. Naquele tempo já havia a violência que a gente temia” [Marilena Lima, 57]

“Depois que tive a formação superior em jornalismo, tive outra compreensão e perdi muito a identidade com o programa policial. Me desvinculei e não me arrependi” [Marilena Lima, 57]

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